A Petrobras teve 1.606 acidentes de trabalho em 2011 somente na Bacia de Campos, segundo levantamento do Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense (Sindipetro-NF). Foram praticamente quatro ocorrências por dia. Alguns casos resultaram em mortes. De acordo com o sindicato, 129 trabalhadores morreram enquanto trabalhavam na Bacia de Campos desde 1998, sendo 85 terceirizados e 34 efetivos da Petrobras. Procurada pelo O GLOBO, a Petrobras alegou que trabalha preventivamente para que não ocorram acidentes e que investiu US$ 5,2 bilhões em segurança, meio ambiente e saúde no ano passado.
A falta de segurança para a operação de plataformas de petróleo também prejudicou o desempenho financeiro da companhia. Só em 2011, interdições de plataformas por problemas de segurança fizeram com que a empresa deixasse de ganhar US$ 116 milhões, segundo estimativas de Rodrigo Pimentel, técnico do Dieese.
A divulgação desses dados tem como objetivo reforçar as reivindicações do sindicato por maior investimento em segurança, já que nesta quinta-feira, dia 15 de março, faz 11 anos que morreram 11 petroleiros no naufrágio da P-36, na Bacia de Campos.
Nesta terça-feira, houve um caso de risco aos trabalhadores de plataformas de petróleo. Um incêndio causou o adernamento da plataforma de perfuração SS-39 (Alaskan Star) da empresa Queiroz Galvão Óleo e Gás, que presta serviço para a Petrobras. Mas nenhum dos 102 trabalhadores embarcados ficou ferido.
— Não aparecem nesse levantamento os acidentes que aconteceram e as empresas não registraram. É preciso investir mais na segurança do trabalhador — ressalta José Maria Rangel, coordenador-geral do Sindipetro-NF.
Foram interditadas quatro plataformas na Bacia de Campos em 2011, de acordo com o sindicato. A P-15 ficou parada por sete dias; a P-20, por 19 dias; a P-37, por dez dias e a Cherne-2, por 34 dias. Com isso, a empresa deixou de produzir pouco mais de um milhão de barris de petróleo — ou 163 milhões de litros — neste intervalo, pelos cálculos do Dieese. São esses dias de paradas que resultam nas perdas de US$ 116 milhões, segundo estudo de Pimentel.
— Embora para o resultado global seja uma pequena perda de produção, mostra um descompasso com o volume de investimentos — ressalta o técnico do Dieese.
De acordo com dados do sindicato, existem atualmente 15 mil funcionários efetivos da Petrobras na Bacia de Campos e outros 45 mil terceirizados que prestam serviço para a empresa. Procurada, a petrolífera não quis se manifestar.
Em nota, a Petrobras informou que “adota rígidos padrões de segurança e com práticas que permitem ao trabalhador parar em caso de dúvida” e que “os procedimentos adotados pela Petrobras atendem integralmente às exigências feitas pelos órgãos reguladores”. Fonte: O Globo, Economia.
OSX, empresa do grupo de Eike Batista, deve fechar nas próximas semanas um acordo com a empresa Sete Brasil, da qual a Petrobrás é sócia, para a construção de duas sondas para o pré-sal
RIO - A Petrobrás e o empresário Eike Batista devem se associar pela primeira vez, nas próximas semanas, num contrato de fornecimento de equipamentos para exploração do pré-sal. O elo será a OSX, empresa de serviços offshore do grupo, que negocia a construção de duas sondas de perfuração, num valor estimado em US$ 1,6 bilhão, com a Sete Brasil, empresa de investimentos da qual a Petrobrás é sócia.
Posteriormente, as sondas construídas pelo grupo de Eike devem ser afretadas (alugadas) para a própria Petrobrás. "A Sete Brasil está em fase de negociação com o estaleiro OSX e acredita muito no interesse comum entre as empresas de tornar este projeto possível", disse à Agência Estado João Carlos Ferraz, presidente da Sete Brasil.
O negócio selará uma nova fase de relacionamento de Eike com a Petrobrás, antes marcado pela disputa por investidores e pelo recrutamento de executivos da estatal. Desde a criação da petroleira concorrente, a Petrobrás viu estrelas de seus quadros serem contratadas a peso de ouro por Eike - como é o caso do próprio diretor-geral da OGX, Paulo Mendonça.
Dificuldades. Em 2005, Eike também teve atritos com a companhia por causa de uma térmica no Ceará. O empresário construiu a usina e contava com a Petrobrás como cliente para fechar as contas até a maturação do projeto. Eike não recebeu um dos pagamentos e ameaçou entrar na Justiça por quebra de contrato. A térmica acabou sendo vendida posteriormente.
Os atritos, no entanto, parecem ter ficado no passado. O empresário fez questão de demonstrar isso prestigiando, no mês passado, a posse de Graça Foster na presidência da Petrobrás. Segundo uma fonte do grupo, a associação agora é possível diante do crescimento da OSX, que já atende às necessidades da OGX e conquista capacidade para oferecer serviços também fora do conglomerado.
Além do negócio de US$ 1,6 bilhão para a construção das sondas, o possível afretamento delas não custaria à Petrobrás menos de US$ 1 milhão por dia. Os últimos contratos de afretamento fechados pela estatal em fevereiro foram de até 15 anos e ultrapassaram este valor.
Perguntado sobre a possibilidade de afretamento das sondas à Petrobrás, Ferraz respondeu: "Por que não?".
Um megaequipamento desse tipo não fica pronto em menos de três anos, no melhor dos cenários. As sondas seriam construídas na Unidade de Construção Naval do Açu (UCN Açu, ao lado do Superporto do Açu), mais um estaleiro que pode ser enquadrado na denominação "virtual". Ou seja: as sondas precisam começar a ser montadas com o estaleiro ainda em construção.
Perfil
A possibilidade de Eike construir as sondas e depois afretá-las à Petrobrás, em vez de usá-las dentro de casa, na OGX, faz sentido se for mantido o atual perfil de sua petroleira. Hoje, 92% dos ativos de petróleo e gás da companhia estão em águas rasas ou em campos terrestres.
As sondas alvo da negociação são para águas ultraprofundas, com até 2 mil metros, perfil do pré-sal. Os blocos marítimos da OGX ficam em lâminas d’água cerca de 20 vezes menores que na área do pré-sal da Bacia de Santos, onde a Petrobrás atua.
As duas sondas alvo das conversas com a OSX são as únicas das 30 do portfólio da Sete Brasil ainda sem contrato de afretamento com a Petrobrás. Todas as outras 28 sondas prestarão serviço à estatal.
"A Petrobrás é uma gigante que está em todas as áreas, e a EBX, um grupo de grande complexidade. É natural que as duas passem a ser ao mesmo tempo parceiras e concorrentes. Para a OSX, com a exigência de conteúdo nacional da Petrobrás, abre-se um mercado enorme", diz Ricardo Corrêa, analista de petróleo da corretora Ativa.
A plataforma de perfuração SS-39 (Alaskan Star), da construtora Queiróz Galvão, que opera no Campo de Albacora, na Bacia de Campos, na região norte fluminense, apresentou pequena inclinação hoje (13) por volta das 14h30. A plataforma está a 193 km da costa de Macaé e foi atingida por um incêndio em uma de suas colunas de sustentação.
A Petrobras informou, em nota, que não houve vítimas entre os 102 profissionais embarcados e nem vazamento de óleo. O fogo foi rapidamente controlado. O sistema de segurança da plataforma acionou o fechamento automático do poço. A estatal declarou ainda que a plataforma está estabilizada e que as autoridades foram notificadas oficialmente e instaurou comissão técnica para investigar as causas do incidente.
A ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis) disse que tomou conhecimento hoje à tarde do adernamento de aproximadamente 3 graus da Alaskan Star. De acordo com a ANP, o poço foi fechado com segurança e a plataforma está estabilizada, mas que houve vazamento de uma pequena quantidade de fluído de perfuração, que já foi controlado. A agência também vai investigar as causas da ocorrência.
Fonte Agência Brasil