Traduz-se o verbo inglês “to foster” como “promover, estimular”. Nada mais apropriado comparar-se esta tradução com a missão outorgada a Maria das Graças Silva Foster, nova Presidente da Petrobras. Sua posse já deu uma dimensão do tamanho do desafio que se lhe apresenta. Começou com o “fogo amigo” de José Sergio Gabrielli, que após defender durante toda a sua gestão a manutenção de preços administrados para os derivados de petróleo, em particular a gasolina, em sua saída para o mundo político diz que esta situação não pode se sustentar por muito tempo. Que deselegância! O fato é que, de imediato, não se reúnem condições econômicas para que se mexa nesta sistemática de controle de preços. Não é, infelizmente, o momento para se alterar nada: os mercados internacionais de petróleo estão firmes e o nosso preço de gasolina entre os mais altos do mundo, em um ambiente interno em que a inflação necessita constante vigilância.
Não bastasse isto, uma série de questões de fundo são pedras enormes a serem ultrapassadas na caminhada desta mulher de personalidade forte e decidida: a produção de petróleo está estagnada faz três anos e abaixo da meta, continuamos com dependência da importação de combustíveis e as reservas não estão crescendo. No campo dos investimentos, o caixa da empresa parece ser insuficiente para dar lastro a tudo que precisa ser feito, em particular aos ainda imprevisíveis custos de exploração da camada do pré-sal. Agrega-se a esta dificuldade a visão da Petrobras em ter forte conteúdo local agregado aos investimentos. Outro desafio, talvez o mais ameno, o incremento da participação da estatal no mercado de produção de etanol combustível.
BioAgroEnergia, contrariando a maioria dos analistas, aposta suas fichas na gestão de Graça Foster, como ela gosta de ser chamada. Por uma série de razões: conhece o assunto; não tem viés político e vai fazer uma administração altamente profissionalizada; vai ser blindada de pressões outras pela forte identidade que tem com a Presidenta Dilma Rousseff, que por sinal conhece bastante bem a empresa e o tema. Importante, mas fácil de executar, vai ser livrar-se da imagem de seu antecessor. Em pouco tempo (diríamos, muito pouco tempo) estará alçando vôo solo e sem dúvida, em nossa opinião, vai dar cara nova à Petrobras, “promovendo e estimulando” seu crescimento.
Para finalizar reproduzimos aqui um parágrafo de nosso post de 23 de janeiro último, publicado neste mesmo espaço:( http://exame.abril.com.br/rede-de-blogs/bioagroenergia/2012/01/23/importacao-de-derivados-de-petroleo-e-a-indicacao-de-graca-foster/ ). “E o que pode mudar com a saída de José Sergio Gabrielli, o mais longevo Presidente da Petrobrás, que levou a estatal ao mais alto ponto de sua história com as descobertas do pré-sal, mas que viu o valor da empresa despencar mais de 40% nos últimos dois anos, acusado de uma gestão com um forte contorno político? Muita coisa, mas muita mesmo, tanto que o mercado acionário reagiu de pronto e positivamente quando da confirmação de sua substituição. Isto porque entra em campo uma substituta que tem profundo viés técnico e forte identidade de pensamento com a Presidenta Dilma Rousseff.”
Fonte: Exame