A perfuração de poços a 1.400 metros de lâmina d´água no Ceará começou, pela primeira vez, em maio deste ano
A exploração de petróleo e gás em águas profundas será ampliada no Ceará. Duas novas perfurações estão previstas para agosto e setembro deste ano. Em maio último, a Petrobras iniciou a perfuração de poços a 1.400 metros de lâmina d´água, conforme divulgou o Diário do Nordeste com exclusividade, na edição de 16 de maio deste ano.
Era a primeira exploração em água profundas. A sonda Ocean Courage SS-75, da estatal petrolífera, começou a operar no poço exploratório Pecém bloco BM-CE-2, situado na Bacia do Ceará, localizado a cerca de 76 quilômetros de Paracuru.
Novas investidas
Segundo informou na quinta-feira, (14/06), a assessoria de imprensa da Petrobras, na Bacia Potiguar, também no Ceará, no bloco BM-POT-16, a previsão de início da perfuração é agosto de 2012.
No bloco BM-CE-1, a ser perfurado no Estado do Ceará, a expectativa é que a operação seja iniciada em setembro de 2012.
De acordo ainda com a nota da estatal divulgada ontem, "o investimento total para perfuração dos poços depende das condições operacionais e dos testes a serem realizados, mas devem ser de aproximadamente R$ 200 milhões". Segundo a estatal informou em nota, em maio, a primeira exploração tinha duração estimada de quatro meses.
Exploração esperada
De acordo com o presidente do Sindipetro (Sindicato dos Petroleiros dos Estados do Ceará e Piauí), Orismar Holanda, este tipo de perfuração estava previsto "há muito tempo". "E sempre foi adiada por conta das questões ambientais", disse ao Diário. "Essa perfuração deve-se a um trabalho do sindicato, que realizou uma reunião com o governador Cid Gomes em abril. Citamos a necessidade de investimentos da Petrobras no Estado, um deles era essa perfuração que nunca saía porque não tinha licença do Ibama".
Diário divulgou com exclusividade o início da perfuração dos poços em águas profundas em 25 de maio deste ano
Cronograma atrasado
Em outubro do ano passado, a Petrobras garantia começar a exploração em água profundas ainda em 2011. A informação era de que seriam quatro poços. Adquiridos na terceira rodada de licitações da Agência Nacional do Petróleo (ANP), ocorrida no ano passado, os poços estão localizados na Bacia do Ceará, nas concessões chamadas BM-CE-1 e BM-CE-2. No intuito de definir a área onde os poços seriam perfurados, a empresa realizou estudos com análises de dados geológicos e geofísicos na bacia, concluídos no primeiro trimestre do ano passado, e que indicaram a presença de petróleo líquido, além de não descartarem a possibilidade de presença de jazidas de gás natural. O prazo de concessão concedido no pleito à estatal foi de oito anos, mas teve prorrogação até o ano de 2013. Atualmente, a Petrobras possui no mar cearense os campos de Curimã, Atum, Espada e Xaréu, todos classificados como rasos e localizados também na Bacia do Ceará, em parte no litoral de Paracuru. De acordo com informações anteriores da estatal, os dados da perfuração serão "imediatamente comunicados à ANP, respeitando os prazos legais".
Resultados
Para Orismar Holanda, qualquer previsão sobre o resultado da exploração é "mera especulação". Ele, no entanto, não descarta a possibilidade de que seja encontrada uma camada de pré-sal, que refere-se a águas ultraprofundas. "Mas isto não é o que está previsto", afirmou. "O que estão procurando é petróleo e gás em águas profundas. Nada indica a existência de pré-sal".
Mas, se confirmada a possibilidade, a descoberta vai "mudar a economia do Estado", segundo o gestor do Sindipetro. "Se encontrar óleo e gás, o projeto se completa, dependendo da análise, e da viabilidade econômica, será colocada uma plataforma ou navio", disse. "A viabilidade econômica depende da quantidade e qualidade da jazida. Se for algo que cubra despesas da exploração e dê lucro, será explorada".
Meta de produção fica 23% menor
São Paulo. A meta da produção de óleo, LGN (líquido de gás natural) e gás natural da Petrobras, no Brasil e no exterior, para 2016 é de 3,3 milhões de barris por dia (boe/dia), sendo 3 milhões de boe/dia no Brasil e o restante no exterior, de acordo com o Plano de Investimentos da Petrobras. No Plano divulgado no ano passado, essa meta era de 3,7 milhões, 23% superior à nova apresentada.
A queda prevista na produção para 2020, de acordo com o novo plano, foi de 11%. Passou a 5,7 milhões de barris de óleo e gás diários, contra os 6,4 milhões previstos pelo plano do ciclo 2011-2015. Para os próximos dois anos, foi mantida estável, mesmo com investimentos robustos. "A perspectiva de aumento da produção somente em 2014 leva investidores a questionar por que deveriam comprar ações da empresa agora", disse o analista Marcus Sequeira do Deutsche Bank, em relatório.
Produção da Petrobras, no Brasil e no exterior, para 2016 é de 3,3 milhões de barris por dia FOTO: CID BARBOSA
Em relação à produção de óleo e LGN no Brasil, a expectativa da petroleira é de alcançar uma produção de 2,5 milhões barris por dia em 2016. O maior crescimento da produção é esperado para ocorrer a partir de 2014, com expectativa de crescimento entre 5% e 6% ao ano para o período 2014-2016. Para os anos de 2012 e 2013, a expectativa é de manutenção da produção em linha com o nível de 2011 (+/- 2%).
"A nova curva de produção está baseada na revisão da eficiência operacional dos sistemas em operação na Bacia de Campos e no cronograma de entrada de novas unidades ao longo do período do Plano. Estamos implantando o Programa de Aumento da Eficiência Operacional da Bacia de Campos e uma contribuição maior para a produção está prevista para ocorrer a partir de 2016, com a entrada de diversas novas unidades no pré-sal da Bacia de Santos e na área da Cessão Onerosa", informa a empresa.
Exterior em 2º plano
O Plano de Negócios 2012-2016 prevê que apenas 2,5% do investimento total de US$ 236,5 bilhões a ser feito pela empresa no período será para operações internacionais. O montante previsto para o exterior, de US$ 6 bilhões, corresponde a um desembolso médio de pouco mais de US$ 1 bilhão por ano até 2016.
No ano passado, essa participação já era pequena, de 5%. O valor a ser investido, de US$ 11,2 bilhões, contudo, era mais de 80% superior ao previsto no novo plano.
Estratégia
Os números reforçam a intenção da Petrobras de ter participação cada vez menos expressiva no mercado externo. Até 2016 a companhia prevê captar US$ 14,8 bilhões com a venda e reestruturação de ativos.
As operações de venda terão "foco" em ativos estrangeiros, conforme destacado pela própria estatal. O valor previsto de desinvestimentos entre 2012 e 2016 é superior à estimativa anunciada no ano passado para o período de 2011 a 2015, de US$ 13,6 bilhões.
Redução
2,5% dos investimentos da Petrobras ficarão com os projetos da empresa no exterior. No ano passado, essa participação era maior: 5% do total