Maria das Graças Foster assumiu oficialmente na tarde de segunda-feira (13/02), o cargo de presidente da Petrobras, em cerimônia na sede da empresa, no centro do Rio de Janeiro. Ex-diretora do departamento de Gás e Energia, Foster sucede José Sérgio Gabrielli, que comandou a maior estatal brasileira por sete anos, e que fez o seu discurso de despedida.
A posse aconteceu também na presença da presidente da República Dilma Rousseff, em agenda oficial no Rio. "Venho para me despedir de um grande brasileiro. E venho para cumprimentar uma profissional por absoluto reconhecimento, com 32 anos de trabalho incansável nesta empresa. Um brasileiro e uma brasileira que demonstram o quanto podemos superar os desafios. Por isso, me sinto bastante emocionada", afirmou Dilma. "A Graça saberá dar continuidade às conquistas da gestão do nosso querido José Sérgio Gabrielli. Conte comigo, e agora é contigo, graciosa", completou a presidente, arrancando muitos aplausos.
"A Petrobras será parceira do povo brasileiro na exploração do pré-sal. Temos competência para isso. Estamos falando de uma empresa integrada. Da pesquisa à exploração, do refino à comercialização. Só uma empresa desse tipo será perene no mercado de petróleo, tão agressivo. Esses fatores explicam nossa saberania para enfrentar os desafios", reafirmou.
Ao contrário de Dilma, que adotou o termo "presidenta" para a sua gestão, Graça Foster já mandou um recado para a assessoria de imprensa da Petrobras: avise os jornalistas que quer ser chamada apenas de presidente. E ponto. Muito embora o cerimonial tenha batido na tecla do termo adotado por Dilma Rousseff.
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, também acompanhou o a solenidade, ao lado de Edison Lobão, de Minas e Energia, do presidente da Câmara dos Deputados, Marco Maia (PT-RS). O governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, além de Eduardo Campos, de Pernambuco, de Antônio Anastasia, de Minas Gerais, dentre outros, também fizeram questão de acompanhar in loco a posse de Fostes.
Fortes emoções
Se Sérgio Gabrielli deixa a empresa para assumir um cargo ainda não definido no governo baiano, Graça Foster fez questão de chegar ao posto máximo da Petrobras ostentando com muito orgulho o seu crachá. Bem preso em seu terno bege, retrata a funcionária que chegou como estagiária e tem agora a missão de colocar um plano de US$ 224 bilhões em investimentos, até 2015, e uma produção diária de seis milhões de barris de petróleo, até 2020.
"Eu não percebi o tempo passar. A Petrobras e eu crescemos juntos, temos praticamente a mesma idade. Assim como a minha família, a Petrobras cresceu. Sinto que vocês sentem a forte emoção que invade minha alma nesse momento. A primeira mulher no mundo a comandar uma empresa de petróleo deste porte", disse, bastante emocionada e paralisando o discurso em meio aos aplausos para retomar o fôlego e continuar seu primeiro pronunciamento oficial como presidente da estatal brasileira, que atuar em 27 países.
"É um grande desafio, maior que o somatório de todos os que já enfrentei até chegar o dia de hoje. Me sinto preparada. Colocarei em prática um plano de continuidade, cujas metas são claras para onde vamos, como vamos e quando vamos chegar. Agradeço a senhora, a confiança por entregarem a mim o mais alto posto de uma das maiores empresas do mundo", completou novamente olhando para Dilma e se emocionando.
Foster prometeu ainda reforçar o conteúdo nacional dentro dos novos desafios à frente da estatal. "Recentemente, o Conselho de Administração aprovou a política de diretrizes corporativas de conteúdo local da Petrobras, que estabelece a uniformização dos critérios de medição e cobrança de conteúdo local nas contratações para toda a companhia", afirmou.
A nova presidente da Petrobras anunciou ainda os nomes dos dois novos diretores: para o cargo que a própria Foster comandava, na diretoria de Gás e Energia, assume agora José Alcides Santana Martins. Para a vaga de Guilherme Estrela, grande executivo da empresa na área do pré-sal e diretor de Exploração e Produção, chega José Miranda Formilho Filho. Todos com longa passagem pela Petrobras.
Currículo
Ao 58 anos, Maria das Graças Foster é a primeira mulher a assumir o comando da maior estatal brasileira. Ela figura no quadro da empresa há 32 anos. Formada em engenharia química pela Universidade Federal Fluminense (UFF), fez também pós-graduação em engenharia nuclear na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) - além de MBA em economia, pela Fundação Getúlio Vargas (FGV).
Na Coppe, a mineira de Caratinga, mas que se mudou para o Rio de Janeiro ainda criança, aos dois anos de idade, foi aluna de Luis Pinguelli Rosa. Anos mais tarde seriam colegas de Eletrobras - quando Pinguelli dirigiu a empresa no governo Lula.
Entre janeiro de 2003 e setembro de 2005, ocupou a secretaria de Petróleo e Gás no ministério de Minas e Energia. No ano de 2007, no segundo mandato do então presidente, assumiu a área de Gás e Energia da Petrobras - no mesmo ano que se tornou presidente da Gaspetro. Ela também faz parte do conselho administrativo de outras cinco empresas do ramo de combustíveis.
A partir de 2010, com a consolidação e posterior desgaste de Gabrielli à frente da Petrobras, Graça, como gosta de ser chamada, passou a figurar como nome forte para a presidência. Entre revistas especializadas em economia, passou a figurar como uma das 10 executivas mais poderosas da América Latina - e como uma das 15 melhores gestoras do Brasil.
Até 2015, Graça Foster terá a responsabilidade de investir o robusto montante de US$ 224 bilhões - sendo que US$ 127 bilhões apenas para explorar as reservas de pré-sal. A nova presidente assume a Petrobras em momento delicado: no ano passado, a empresa perdeu cerca de R$ 90 bilhões em valor de mercado - e se desvalorizou em 40% nos últimos dois anos.
Somente na última sexta-feira, após a divulgação dos resultados do ano feita pelo ex-presidente José Sérgio Gabrielli, a companhia perdeu R$ 28,2 bilhões em valor de mercado - fato que levou o índice Bovespa para uma queda de 2,34%.