Os Sondadores lideram a lista dos profissionais mais valorizados da indústria do petróleo no momento. Com o número crescente de plataformas que chegam ao Brasil para explorar o pré-sal, operadores de equipamentos de perfuração e sondagem viraram artigo de luxo no país. O salário pago a categoria subiu cerca de 70% nos últimos dois anos e já encosta nos R$ 20 mil. Mesmo assim sobram vagas e faltam candidatos.
Segundo o CEO da Petra Executive Search, Adriano Bravo, existem empresas de perfuração com 20 a 40 posições abertas. “As empresas terão que perfurar poços e não existem profissionais treinados em sondas de última geração para atender todas as empresas que chegam. Tem empresas que vão trazer dez sondas”, explicou.
Por força da legislação brasileira, as companhias de perfuração precisam preencher 80% da tripulação das sondas com profissionais brasileiros após o segundo ano de operação. Na falta de profissionais qualificados no país, algumas estão recorrendo a empresas terceirizadas para continuar operando com estrangeiros.
De acordo com Bravo, a grande rotatividade desses profissionais também ajuda a inflacionar mais o mercado. “Não existe um vinculo muito forte do sondador com o contratante e o profissional sai com freqüência por um salário maior”, avaliou.
Para o especialista, a próxima grande escassez será a de profissionais com qualificação em posicionamento dinâmico para operar embarcações offshore. “É uma posição que requer conhecimento muito especializado e muitas horas de prática”, afirmou.
Primitivo Duyprath, Sondador, concorda com a declaração do especialista. "Realmente, Rodrigo. As propostas são muitas. O momento é de as empresas valorizarem os Sondadores que têm em seus quadros"
As companhias de petróleo também enfrentam gargalos. Faltam profissionais para desempenhar funções específicas como, por exemplo, a contratação de FPSOs. Engenheiros com especialização em algum nicho da exploração também estão escassos. A disputa por esses profissionais deve se acirrar com a retomada dos leilões da ANP.
O crescimento de empresas nacionais de capital aberto como OGX e HRT é outro fator que pressionará o mercado. Com uma política salarial que inclui pacotes de retenção, como bonificação em ações, essas empresas já competem até com multinacionais. “Só aumentando benefícios em três ou quatro vezes para igualar”, afirmou Bravo.
Os salários pagos no Brasil já são em alguns casos maiores que nos EUA, África e em todos os países da América Latina. “Já contratamos engenheiros de reservatório e geofísicos que estavam trabalhando na Argentina e no Chile e vieram com o pacote local puro, sem nenhum adicional para expatriado”, lembra Bravo.
Mesmo assim ainda haverá uma transição gradual até que o mercado brasileiro consiga preencher todas as vagas abertas no setor petróleo. Bravo estima um prazo de sete anos para que a demanda seja equalizada. “As universidades precisam de um tempo para absorver as necessidades da indústria e adaptar seus programas”, previu.
A transição deverá abrir oportunidades para instituições de ensino técnico, mais ágeis na oferta de cursos mais focados na indústria. Um engenheiro que sai da universidade hoje precisa de um mestrado para se especializar em reservatório, por exemplo. Parte da demanda por qualificação deverá suprida internamente pelas empresas. Profissionais de outros setores também devem engrossar a oferta de candidatos. “Mesmo assim, acredito em algum atraso nas metas de Exploração & Produção”, afirmou Bravo.
Fonte: Energia Hoje