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sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Qualificação, eis a questão


A indústria vivencia uma demanda crescente por profissionais qualificados. Entretanto, a formação de recursos humanos tem sido o grande gargalo do setor. Apesar do número de graduados, as empresas reclamam da falta de profissionais aptos às suas necessidades.

O mercado de construção naval, petróleo e gás brasileiro passa por grandes mudanças. Os cenários são otimistas, demandando profissionais das mais diversas áreas para garantir o aumento da capacidade produtiva dos estaleiros e petroleiras. Com as perspectivas de aumento da produção de petróleo no Brasil, principalmente após as descobertas do pré-sal, cursos voltados para a formação de mão de obra para o setor proliferaram em todo país. Segundo o Ministério da Educação, nos últimos dois anos foram criados nada menos que cerca de cem novos cursos superiores destinados à capacitação para o setor de óleo, gás e indústria naval. São Paulo concentra a maior parte deles, seguido de Rio de Janeiro, mas também há oportunidades em estados como Espírito Santo, Amazonas e Bahia. A grande procura por profissionais, especialmente por parte de multinacionais, também tem impulsionado a expansão de treinamentos e cursos livres.

A indústria do petróleo engloda as mais diversas atividades, desde a engenheria ao direito, passando pela medicina e pela administração de empresas, dentre outras. Com  isso, vários cursos profissionalizantes e de graduação surgiram para atender não só as centenas de empresas nacionais e internacionais, mas também pessoas interessadas em ingressar no mercado de óleo e gás - com remunerações até 30% superiores ao que é pago em outros setores da economia.

Em 1999, a PUC-Rio iniciou a turma de especialização em Engenharia de Petróleo, para graduados em Engenharia Plena, com o objetivo de formar profissionais em curto tempo (400 horas). Depois de ganhar experiência com as várias turmas, a instituição decidiu criar o curso de graduação em engenharia de petróleo, iniciado em 2005. Segundo Sérgio Fontoura, coordenador do referido curso, a procura pela especilização é grande. "Anualmente, recebemos cerca de 30 alunos para o curso de graduação e 40 alunos para a especialização em Engenharia de Petróleo para graduados", afirma ele. "Nossa maior preocupação é garantir uma formação de alto nível para estes alunos e suprir o mercado com bons profissionais", diz.


A profissão de engenheiro de petróleo, por exemplo, está em franco crescimento. O salário médio inicial de R$ 2 mil e o interesse de empresas do porte de Petrobras, Ipiranga e Shell, fazem da engenharia de petróleo uma opção atrativa para quem pretende construir uma carreira profissional. Além de trabalhar com o estudo e análise  de jazidas de petróleo, e projetos de extração do produto, o profissional dessa área pode trabalhar com outros combustíveis, como o gás natural.

Tecnólogos

A maior parte dos cursos destinados à formação de tecnólogos, que têm diploma de curso superior, mas não título de bacharel. São cursos de menor duração do que uma graduação tradicional, voltados exclusivamente para o mercado de trabalho.

O cursop tem duração menor ( média de dois anos) que a do bacharelado (quatro a cinco anos). No entanto, com esta formação, os profissionais ainda não são aceitos nas inscrições para vagas de nível superior em concursos da Petrobras. A altenativa, nesse caso, é buscar trabalho em empresas terceirizadas.

Cada curso de tecnologia em petróleo e gás prioriza áreas específicas, como técnica operacional, refino, processamento de petróleo, mineração, gestão de negócios, serviços em poços de petróleo, produção industrial, entre outras.

Indústia Naval

Pegando carona na necessidade de contratação do setor petrolífero, a indústria naval também está em fase de expansão e, consequentemente, chamando profissionais para trabalhar nos estaleiros e nas empresas da área. Estudo recente identificou a necessidade de qualificar 207 mil pessoas até 2013.

A revitalização da indústria naval inaugura um período de oportunidades para os interessados em atuar na área. Por conta da construção de todos os navios do programa Promef (Programa de Modernização e Expansão da Frota), da Transpetro, empresa de logística da Petrobras, é estimada a geração de 40 mil empregos diretos.

"No final da décado de 1990, os cursos navais quase foram extintos, mas hoje, estão todos lotados", recorda o coordenador do curso de construção naval da ETE Henrique Lage, Antônio Carlos de Jorge.

De acordo com dados da Fundação de Apoio à Escola Técnica do Rio de Janeiro (Faetec), a demanda de profissionais no setor naval, é de cerca de 16 mil pessoas, o que mostra que existem muitas oportunidades e quem quiser entrar nesse mercados tem que se qualificar.

Por isso, a área de engenharia naval também está em alta, inclusive com relação aso salários que chegam em média a R$ 3 mil para iniciantes na carreira. O profissional formado  nesta área tem um campo de trabalho bastante extenso, o que significa que terá oportunidades em diversas empresas.

Entre teoria e a práticas de fato, a demanda existe , porém, segundo Tertuliano Soares, coordenador pedagógico da Petrocenter, escola de logística, exploração e produção de petróleo e gás, é necessário difereciar o contexto das duas cadeias produtivas no tocante a mão de obra. "Por um lado temos recursos humanos, porém, carentes de atualização profissional; por outro, a emergência de formar profissionais com alto nível de especialização em escolas técnicas e universidades", aponta.

A indústria de construção naval brasileira absorve uma gama diversificada de profissionais, desde pintores a engenheiros navais especializados. De acordo com o especialista, o grande gargalo está nos profissionais de qualificação técnica de nível médio e alguns de nível básico como soldadores, eletricistas e instrumentadores.

O candidato também deve estar pronto para mudar de domicílio e migrar para onde os parques industriais estão se instalando. "Atualmente a contratação de determinado empregado implica a necessidade de o mesmo migrar de onde reside para outra localidade. O problema não é simplesmente a escassez de especialistas, mas o de estar disposto a migrar para outra região do país", explica.

Para o coordenador pedagógico da Petrocenter, cabe ao mercado contribuir para a solução desse problema. "A superação destes desafios está numa articulação entre os diversos atores do mercado com as escolas técnicas privadas, por exemplo", avalia. "O fortalecimento das escolas privadas de educação profissional é a saída a curto prazo  para que a sociedade tenha acesso a serviços educacionais de alto nível e as empresas tenham profissionais com currículos adequados às necessidades dos processos produtivos vigentes", conclui.

De acordo com o coordenador do Instituto Senai de Educação Superior (Ises), Caetano Moraes, nos últimos anos foram percebidas mudanças na área educacional, inclusive na formação especializada ou continuada.

O Senai-RJ, por meio do Ises, desenvolve cursos de pós-graduação para atender a crescente demanda por profissionais da cadeia de Petróleo, Gás e Biocombustíveis, tendo em vista a projeção de investimentos para toda a cadeia produticva de petróleo no Brasil até o ano de 2014. Investimentos esses na ordem de US$ 224 bilhões.

As universidades, em sua maioria, desenvolvem os cursos de graduação para o atendimento das diferentes demandas industriais. Entretanto, as indústrias do segmento de Petróleo, Gás e Biocombustíveis necessitam  de profissionais com formação especializada e linguagem técnica específica.

Diante disso, os cursos de espacialização do Ises são elaborados a partir de discussão com o setor produtivo e, assim, são incorporados as necessidades técnicas específicas das indústrias. Além disso, as aulas são ministradas, em grande parte, por profissionais que atuam diretamente no setor, o que reforça a imagem do Senai e do Ises como formador de mão de obra para a indústria.

Fonte: Tn do Petróleo - Guia do Estudante

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