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domingo, 11 de março de 2012

O ACIDENTE COM A PIPER ALPHA

Piper Alpha, era uma plataforma de produção de petróleo das empresas Occidental Petroleum e Texaco, e operava no mar do norte. Devido a uma explosão seguida de incêndio, a plataforma foi totalmente destruída em 6 de julho de 1988, tendo 167 vítimas fatais, e apenas 62 tripulantes sobreviveram a tragédia.

Como era a Piper Alpha

Situada a mais de 220 quilômetros da costa de Aberdeen (Escócia), a 144 metros do fundo do mar, a plataforma de grande porte mantinha uma produção de gás de dois poços, e de outros 24 poços mantinha a sua produção de óleo. A plataforma era conectada por um oleoduto e um gasoduto ao terminal Flotta, em Orkney, e com outros gasodutos a outras duas instalações.
A instalação consistia em uma torre de perfuração em um lado, uma área de processamento e refino no centro, e alojamentos para sua tripulação no outro lado. Uma vez que Piper Alpha estava mais perto da costa que outras plataformas na área, tinha duas tubulações provenientes destas plataformas conduzindo à sua área de processamento. Esta instalação processava o gás proveniente das outras plataformas mais o petróleo extraído por ela mesma e então bombeava os produtos para a costa.

O acidente
Dia 6 de julho de 1988, um vazamento de condensado de gás natural que se formou sobre a plataforma incendiou-se, causando uma explosão enorme. A explosão iniciou incêndios secundários no óleo, derretendo a tubulação de chegada de gás. O fornecimento de gás causou uma segunda grande explosão que engolfou toda a plataforma. Afirma-se que o desastre foi tão repentino e extremo que uma evacuação tradicional foi impossível, mas há controvérsia a respeito. As pessoas ainda estavam saindo da plataforma após o incêndio e explosão iniciais. O maior problema foi que a maioria do pessoal que tinha autoridade para ordenar a evacuação morreu quando a primeira explosão destruiu a sala de controle.Alguns cálculos indicam que 20% da produção anual de energia do Reino Unido foi consumido na explosão e incêndio. Mas isso foi conseqüência do projeto deficiente da plataforma, a ausência de paredes corta-fogo, e outros fatores. Outro fator importante foi que a plataforma próxima, Tartan, continuou a bombear gás ao núcleo do fogo até que a tubulação interligando ambas plataformas rompeu-se devido ao calor. Os operadores de Tartan não tinham autoridade para parar a produção, mesmo vendo ao horizonte que Piper Alpha estava queimando.A embarcação de suporte Lowland Cavalier reportou a explosão inicial antes das 22h00, e a segunda explosão 22 minutos depois. Quando os helicópteros civis e militares chegaram ao local, as chamas estavam a mais de 100 metros de altura e visíveis a mais de 100 quilômetros (120 km de Maersk Highlander) impedindo aproximação segura.Tharos, uma embarcação especializada em combate ao fogo, pôde aproximar-se da plataforma mas não pôde evitar sua destruição. Dois tripulantes do Lowland Cavalier morreram quando a explosão da plataforma destruiu seu "barco de resgate rápido" que havia resgatado vários sobreviventes da água. Tharos não pôde bombear água suficiente para aproximar-se da plataforma em chamas até após a ruptura do oleoduto que a interligava à Tartan, cerca de duas horas após o início do desastre. Somente quando a plataforma de Tartan parou de bombear óleo, a embarcação Tharos pôde aproximar-se, mas não conseguiu resgatar ninguém. O fogo foi depois extinto pelo navio Red Adair que enfrentou ventos de 80 milhas por hora e ondas de 70 pés.

A investigação do caso
O grupo de investigação coordenado por Lord Cullen foi estabelecido em novembro de 1988 para descobrir as causas do desastre. Em novembro de 1990, ele concluiu que o vazamento inicial de condensado era resultante de trabalho de manutenção sendo realizado simultaneamente numa bomba e sua válvula de segurança. A Occidental Petroleum foi declarada culpada de ter procedimentos de manutenção inapropriados.Uma segunda fase da investigação fez recomendações de segurança mais profundas, as quais foram todas aceitas pela indústria. Praticamente todos os trabalhadores em plataformas no mar do Norte questionariam a sinceridade da indústria em algumas de suas respostas ao Relatório Cullen. Certamente as respostas das companhias petrolíferas às recomendação de Cullen por completa e organizada representação dos trabalhadores foi menos que totalmente sincera.Os restos da Piper estão a aproximadamente a 120 metros a sudoeste da plataforma Bravo, que a substituiu. Um último efeito do desastre da Piper Alpha foi o estabelecimento do primeiro sindicato pós-Margaret Thatcher, o Comitê de Indústria de Plataformas (Offshore Industry Liaison Committee).
Mas o que causou esse acidente
Uma análise dos eventos revela muitos pontos que deram errado, uma seqüência de erros que contribuíram para a magnitude do desastre. Na seqüência, analisam-se os principais:
a) Sistema de ordem de serviço arcaico e não seguido à risca
O evento que iniciou a catástrofe foi a tentativa do turno da noite de ligar a bomba reserva, que estava inoperante por estar em manutenção. O pessoal do turno da noite desconhecia que esta bomba estava em manutenção, por não haver encontrado a ordem de serviço correspondente. Numa instalação industrial, o conhecimento das ordens de serviço em andamento é crucial para o andamento do processo produtivo e para a segurança.
b) Sistema dilúvio antiincêndio não funcionou
O sistema dilúvio coletava a água do mar para o sistema abaixo da plataforma, próxima do local onde os mergulhadores tinham que trabalhar em algumas etapas de perfuração. Para segurança dos mergulhadores, o sistema de coleta de água era colocado em manual cada vez que havia trabalho com mergulho nas proximidades, para evitar que os mergulhadores fossem sugados pelas bombas. Com o tempo, os procedimentos foram relaxados e o sistema passou a ser deixado em manual sempre, independente de haver ou não trabalho de mergulho nas proximidades. Máxima segurança para os mergulhadores, fatal para a plataforma e para outras 167 pessoas pois, quando o sistema foi necessário, estava inoperante.
c) Rota de fuga
As rotas de fuga não eram perfeitamente conhecidas e as pessoas não encontraram o caminho até  os barcos salva-vidas e saltaram no mar.
d) Áreas seguras
Ao contrário do que pensavam as pessoas, os alojamentos não eram à prova de fumaça e chamas. A maior parte dos 167 vítimas morreu sufocada na área dos alojamentos.
e) Treinamento
Embora houvesse um plano de abandono, três anos haviam se passado sem que as pessoas recebessem treinamento nestes procedimentos. Planos de Ação de Emergência são inúteis se existem apenas no papel e as pessoas não tomam conhecimento dele.
f) Paredes corta-fogo
As paredes corta-fogo em Piper poderiam ter parado a expansão de um fogo comum. Elas não foram construídas para resistir a explosão. A explosão inicial as derrubou, e o fogo subseqüente se espalhou desimpedido, quando poderia ter sido contido se as paredes corta-fogo tivessem também resistido à explosão. Estações mais novas têm paredes de explosão que evitariam uma repetição das fases iniciais do desastre de Piper.
g) Auditorias
Occidental Petroleum tinha auditorias de segurança regulares em suas instalações. Estas auditorias foram executadas, mas não foram bem executadas. Poucos ou mesmo nenhum problema eram levantados, embora houvesse assuntos sérios como corrosão de tubos e cabeças de sistema dilúvio e muitos outros problemas. Quando um problema sério era encontrado, às vezes era simplesmente ignorado. Por exemplo, cerca de um ano antes, quando os dutos de gás queimaram e desligaram a estação, uma auditoria independente, cujo propósito era identificar os principais perigos de incêndio, corretamente identificou o perigo e declarou que se eles explodissem, nada poderia salvar a estação. A auditoria recomendou instalar sistemas de segurança específicos para os proteger. Na reunião de diretoria que revisou o relatório, nunca foram mencionados os dutos de gás.

Licões aprendidas:
Foram muitas as mudanças ocorridas após este acidente. Incluíram:
a) Melhoria nos sistemas de gestão de ordens de serviço.
b) Relocação de algumas válvulas de desligamento de emergência de oleodutos e gasodutos.
b) Instalação de sistemas de isolamento de oleodutos e gasodutos submarinos.
c) Mitigação de riscos de fumaça.
d) Melhorias nos sistemas de evacuação e escape.
e) Início de análises formais de segurança.
A indústria investiu aproximadamente um bilhão de libras nestes e em outros itens de segurança, antes que o relatório oficial conduzido por Lord Cullem fosse emitido.
Análises de Riscos passaram a ser obrigatórias para todas as atividades. O processo de elaboração de análise de riscos é, em si, um forte fator de segurança, pois obriga a todos a pensarem em tudo o que poderia dar errado e a buscar formas seguras de fazer o trabalho.

Fonte : Unipeg e wikipédia

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