Centro de Pesquisa e interação com universidade vão fomentar os investimentos da Siemens na cidadeFÁBIO PESCARINI
São nos gigantescos galpões da Siemens em Jundiaí que nasce combustível suficiente para impulsionar o futuro macroeconômico do Brasil. Pode soar como trocadilho infame usar essa palavra em um setor da multinacional de origem alemã exclusivo para área de energia, mas não é. A empresa centralizou um de seus principais focos na exploração de petróleo na camada de pré-sal.
Esse mar de oportunidade de investimentos no Brasil deixou uma comitiva formada por 70 alemães boquiaberta no começo da tarde desta terça-feira na unidade de Jundiaí.
De acordo com Paulo César Beshini, principal executivo da Siemens jundiaiense, a unidade vai interagir diretamente com o centro de pesquisa em construção no Rio de Janeiro para desenvolvimento de novas tecnologias voltadas à área de óleo e gás – o outro parceiro é a UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro).
Ou seja, toda tecnologia desenvolvida no centro de estudos, que custará US$ 50 milhões, será colocada em prática na fábrica jundiaiense para a geração de energia na exploração de petróleo, ramo em que a unidade é uma das referências no país – está presente em todas as plataformas de petróleo.
“Estamos preocupados com a geração de energia para o futuro”, afirma o executivo. Para chegar fundo na exploração petrolífera na camada do pré-sal, a Siemens vem de duas expansões seguidas em Jundiaí – a última foi inaugurada no ano passado, para o setor de média voltagem, e a penúltima, em 2007, teve a visita do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que passou a dar nome à rampa de acesso ao auditório da empresa.
Atualmente, a Siemens conta com cerca de 2,2 mil empregados na planta de Jundiaí. Em seus quase 200 mil metros quadrados de área, são 20 construções, entre pequenos e gigantescos galpões para a produção de equipamentos voltados à produção energética, em um contraste de impressionar até altos executivos alemães, entre os minúsculos componentes e monstruosos transformadores que costumam precisar de aparato especial para serem transportados até o Norte do país quando estão prontos.
Energia limpa /Outro ramo que vem ganhando destaque nos investimentos da empresa em Jundiaí é o de desenvolvimento de energia verde, de acordo com o executivo, para a fabricação de equipamentos que usam óleo vegetal ou transformadores a seco que não explodem (e desta forma, evitam contaminar ainda mais a camada de ozônio).
Assim como no Pré-Sal, a Siemens mantém um grupo de desenvolvimento exclusivo para a área de tecnologia verde. “O Brasil é referência”, afirma Beshini.
O investimento é certeiro, aposta, tanto para o mercado interno quanto ao internacional. “O país está chegando no mesmo nível dos europeus em preocupação ambiental”, acredita.
E parece contradição: nas orientações para visitantes e funcionários há um pedido para que não se use aparelhos eletrônicos desnecessariamente. “Economize energia”, diz o texto. Nos galpões da maior exportadora da cidade nascem ideias globalizadas, tão verdes quanto os dólares que arrecada para o município.
No fim, bom papo acaba em futebol e carrões
Na recepção da empresa no Distrito Industrial de Jundiaí, o visitante recebe um folder com a história da fábrica e dicas de conduta no seu interior. Totalmente em inglês. Afinal, o português é falado no chão de fábrica, mas os negócios gerados pela Siemens são feitos para serem entendidos em países como Estados Unidos, Canadá, Nova Zelândia, Paquistão, Qatar, Dubai...
Os Estados Unidos seguem como principal cliente da unidade da Siemens em Jundiaí. E a diversidade do portfólio produzido por aqui proporcionou que a indústria, em meio às crises norte-americana e europeia, aumentasse em 130% o volume exportado no ano passado em relação a 2010 – o valor comercializado passou de US$ 46,3 milhões para US$ 106,7 milhões, de acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.
São números como esses e uma outra lista de oportunidades de negócios no Brasil, tanto em investimentos para suprir a carência de infraestrutura e energia, quanto a eventos que o país vai promover, que passam da Rio+20 (em maio próximo) até o pódio olímpico de 2016, que deixaram a comitiva alemã empolgada com o passeio pela fábrica.
No total, três ônibus desembarcaram alemães e executivos da multinacional para a visita que, entre outros, contou com o primeiro-ministro da Baviera, Horst Seehofer, e o CEO da Siemens no Brasil, Paulo Stark.
Mais do que uma troca de gentilezas e de camisas de futebol (Seehofer ganhou uma da seleção brasileira e presenteou Stark com uma do Bayern de Munique), espera-se a geração de novos negócios – a Alemanha foi o principal importador europeu dos produtos de Jundiaí no ano passado, com um total de US$ 17,5 milhões gastos aqui.
E o encontro de ontem foi um golaço. “Acho que podemos competir com as exportações brasileiras em apenas uma coisa, o futebol”, disse o primeiro-ministro da Bavária em discurso (traduzido, em um dos raros momentos em que se falou português na visita de ontem) a trabalhadores da empresa. E para provar que não era brincadeira, chamou ao seu lado o ex-lateral esquerdo Paul Breitner, campeão do mundo com a seleção alemã em 1974, revelado e hoje embaixador mundial do Bayern.
Seehofer fez a comitiva interromper o passo quando viu dois utilitários esportivos alemães estacionados no meio do seu caminho: um da BMW e outro da Audi. Parou para ser fotografado entre os dois. Assim como nós, carrões e futebol também encantam estes alemães.
Fonte: Bom dia Jundiaí
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