Província da Argentina cassa uma concessão de exploração da Petrobras

O governo da província de Neuquén, na Argentina, cassou na noite de ontem a concessão da Petrobras para explorar petróleo na área de Veta Escondida. A concessão era da subsidiária da empresa brasileira, a Petrobras Energia, e ficou inativa ao longo de 2011. A informação foi confirmada pela Telam, a agência oficial de notícias argentina. No mesmo ato, o governo provincial também cassou a concessões de Covunco Norte, em poder da petroleira Argenta, e de Fortín de Piedra, da petroleira Tecpetrol.

Na Argentina, o poder concessório é local, e diversas províncias tem retirado concessões nas últimas semanas, com o incentivo do governo da presidente Cristina Kirchner. O alvo preferencial tem sido a YPF, de capital espanhol e maior produtora no país.

No mês passado, quando começaram as pressões para que as petroleiras aumentassem a produção no país, o ministro brasileiro das Minas e Energia, Edson Lobão, conversou sobre os investimentos da Petrobras com Cristina Kirchner, e havia ficado acertado um encontro entre a presidente da estatal brasileira, Graça Forster, e o ministro do Planejamento da Argentina, Julio de Vido.

De acordo com um levantamento publicado pelo jornal "Página 12" (que apoia o governo) em março, 19 das 42 áreas concedidas à Petrobras na Argentina estariam sem produção. Mas a empresa brasileira está em companhia de diversas outras no setor. A YPF contaria com 10 áreas improdutivas entre as 60 que explora, e outras 10 com produção abaixo de 20 metros cúbicos de petróleo. A Tecpetrol teria 11 de suas 18 áreas inativas. A Apache Energia não exploraria 9 de suas 19 áreas, e a Pluspetrol não teria atividade em 7 de suas 17 áreas. O preço controlado dos combustíveis na Argentina reduz o ganho das empresas e desestimula o aumento da produção.

Segundo dados da secretaria de Energia da Argentina, a Petrobras Energia em 2011 produziu 2,256 milhões de metros cúbicos de petróleo, cerca de 6% do total argentino. Em Neuquén a Petrobras produziu 817,9 mil metros cúbicos, ou 36% de sua extração. Procurada pelo Valor, a filial argentina da petroleira brasileira informou que não se pronunciaria ontem sobre o assunto.