BRASÍLIA - Os recentes estudos sísmicos feitos no território nacional, acompanhados de perto pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), apontam para novas oportunidades de exploração de petróleo e gás natural com blocos exploratórios em terra e mar. Esses projetos vão compor a lista de novas rodadas de licitação.
A avaliação foi feita pela diretora-geral da ANP, Magda Chambriard, que discutiu o tema na quarta-feira, (11/07), em audiência pública na Comissão de Minas e Energia da Câmara dos Deputados, em Brasília. Para ela, os novos estudos geológicos chamam a atenção para o potencial de produção nas bacias sedimentares que não estão integradas às regiões das grandes reservas do pré-sal.
Chambriard informou que a área do pré-sal, que dominou as discussões do setor nos últimos anos, responde por apenas 2% do total de 7,5 milhões de quilômetros quadrados de bacias sedimentares brasileiras. Somente 4,5% dessa área foi concedida à exploração por empresas do setor.
A diretoria disse que há otimismo do setor, por exemplo, com a chamada “margem equatorial brasileira”, que vai do Estado do Rio Grande do Norte até o Amapá. Isso porque uma área correspondente, localizada na África, já rendeu importantes descobertas que, inclusive, viabilizaram a instalação de uma plataforma que produz 120 mil barris de petróleo por dia.
“Tudo indica que também vamos ter bons resultados exploratórios. Essa foi a razão para termos identificado essa área como candidata à 11ª Rodada de Licitação”, afirmou Chambriard ao se referir à áreas da margem equatorial brasileira, em regiões que abrangem o litoral do Maranhão e do Pará.
Outra descoberta relevante que chamou a atenção do setor foi feita pela espanhola Repsol, na Guiana. Essa exploração levou técnicos brasileiros a considerarem a existência de novas reservas semelhantes no território brasileiro, na região Norte.
Ainda para a 11ª Rodada da ANP, interrompida pela indefinição do Congresso Nacional sobre nova alíquota de royalty, a diretora da agência afirmou que há oportunidades na extração de gás na Bacia do Parnaíba, nos Estados do Maranhão e do Piauí.
Mesmo sem ter ocorrido ainda a 11ª Rodada, a ANP já começa a sinalizar quais serão os planos para os próximos processos de licitação, que devem incluir áreas dos Estados do Acre, Maranhão, Piauí e Mato Grosso. “O que a ANP está pensando nesta 12ª rodada, que ainda não foi posto para a discussão e nem apresentado ao CNPE [Conselho Nacional de Política Energética]. Ela será realizada com vistas a exploração em terra, por conta de todos os resultados de estudo que estamos articulando”, afirmou a diretora.
Outro caminho que a ANP tem trilhado está relacionado à exploração de gás não convencional, que tem “revolucionado” o setor nos Estados Unidos. “O potencial também é muito grande, mas, para poder identificá-lo de fato, a gente tem que perfurar muito”, afirmou a diretora. Segundo ela, o interesse em explorar este insumo está, principalmente, no Recôncavo Baiano, que está com a produção em baixa – caiu do patamar inicial de 150 mil barris por dia para 40 mil.
“Isso significa que a gente tem instalações que vão ficar mais ociosas, municípios que vão ficar mais pobres. A gente pode tentar reverter este cenário via essa revolução da produção não convencional. No Recôncavo, a gente enxerga como um excelente local para poder fazer esse início, além da Bacia do São Francisco que a gente enxerga como muito mais difícil”, disse a diretora-geral da ANP.
Chambriard acredita que esta nova leva de projetos localizados fora da área de exploração do pré-sal tende a equilibrar os ganhos do setor com um maior número de Estados e empresas de menor porte. “Somente com as reservas já descobertas do pré-sal, vamos dobrar a produção do país em 10 anos. Serão grandes empresas, grandes financiadores e grandes prestadores de serviço. Isto se mostra como um fator altamente concentrador de riqueza em São Paulo e no Rio de Janeiro”, afirmou.
Fonte: Valor
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