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sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Petróleo e gás: sobram vagas, faltam profissionais capacitados


     O cenário para o mercado de Petróleo e Gás nos próximos cinco anos é bastante positivo. O início das operações do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), previsto para ocorrer em 2012, e a descoberta da província do pré-sal, localizada em águas profundas (entre cinco mil e sete mil metros abaixo do nível do mar), tornaram o setor um dos mais atraentes e promissores do país. As recentes descobertas geram expectativas de o Brasil se tornar um dos principais produtores mundiais do petróleo no futuro. Como reflexo desse crescimento, o setor já enfrenta um aumento da demanda por mão de obra especializada e por profissões que até então não eram tão demandas.

    Será preciso um grande número de profissionais para suprir este segmento. A expectativa é que deverão ser criados mais de 200 mil empregos diretos e indiretos relacionados ao petróleo nos próximos cinco anos, em todos os níveis - médio, técnico e superior - de acordo com o Programa de Mobilização da Indústria Nacional de Petróleo e Gás Natural (Promimp).

     O Estado do Rio concentra 80% da produção de petróleo, e grande parte do mercado de trabalho para esta área está na Bacia de Campos, no litoral norte fluminense, onde fica a maior reserva de petróleo do país. Atualmente, estão em operação nesta bacia mais de 400 poços de óleo e gás, 30 plataformas de produção e existem 3.900 quilômetros de dutos submarinos. As principais ofertas de trabalho estão concentradas também na cidade de Santos, em São Paulo. Além disso, há procura por profissionais na Bahia, Rio Grande do Norte, Espírito Santo e Amazonas. É preciso ainda contar com profissionais suficientes e devidamente capacitados para serem empregados na construção de 5 refinarias até 2014, incluindo as do Comperj, e 28 plataformas até 2017. Isso sem contar todos os equipamentos que serão necessários para as futuras operações.

   As possibilidades de trabalho na cadeia produtiva são muitas e dependem da formação do profissional. A Engenharia do Petróleo é uma das profissões mais requisitadas. Trata-se de uma área estratégica que tem poucos profissionais no Brasil e que está em expansão em todo o mundo. Esta cadeia vem preparando vários profissionais para atuarem no desenvolvimento de campos de prospecção, exploração e expansão de jazidas, transporte, refino, industrialização e atividades afins, como processamento de gás natural. E não para por aí. Em um momento em que se discutem novas matrizes energéticas, os engenheiros de petróleo começam a agregar conceitos de sustentabilidade e meio ambiente. Olhando para o futuro, o mercado já está buscando profissionais capacitados também na gestão ambiental da produção de petróleo e gás.

    Os postos de trabalho vão desde as empresas de Engenharia, que perfuram os poços, até refinarias e petroquímicas. Além disso, o profissional pode trabalhar em setores relacionados à gestão do negócio e também na manutenção e no gerenciamento de equipamentos.

   Do outro lado, estão as instituições públicas e privadas que estão abrindo cursos técnicos e de graduação voltados especificamente para a área de petróleo e gás para atender à demanda. Atualmente, existem 87 cursos de graduação em petróleo reconhecidos pelo Ministério da Educação no país, sendo que muitos outros ainda não obtiveram reconhecimento por serem novos no mercado. Esse número de cursos, principalmente nos Estados de São Paulo e Espírito Santo, pode ser pequeno em vista das expectativas.

     A alta empregabilidade e os bons salários, que em muitas vezes se devem aos riscos envolvidos no setor, são um fator de destaque e o que mais atrai candidatos aptos a atuarem na área. Mas não basta o profissional ter formação, ele precisa estar pronto para atender às necessidades do mercado. Por ter características de carreira internacional, e pela necessidade de lidar com profissionais de todo o mundo, é essencial fluência em inglês e um constante aprimoramento, já que a tecnologia e a aparelhagem do setor evoluem rapidamente. É preciso ainda ter desenvoltura em liderança. Na área de perfuração, por exemplo, já é bem difícil encontrar toolpushers, sondadores e assistentes de sondador com experiência, bom inglês e conhecimentos suficientes para operar uma sonda cyber.

     Uma das saídas para esse gargalo pode estar na criação de centros de pesquisa e o investimento em atividades de ensino, pesquisa e extensão como já vem sendo feito por algumas grandes empresas do setor petrolífero. Outra saída é a realização de convênios de empresas com universidades. De acordo com levantamento do Prominp, implantado pelo governo federal em 2003 para capacitar mão de obra para implementação de empreendimentos no setor de petróleo e gás, a estimativa é de que será necessário capacitar 112 mil pessoas para o setor entre 2008 e 2012.

     Neste momento crucial para o País, é importante que haja o engajamento das autoridades públicas e privadas para garantir a adequada e efetiva colaboração de áreas como as de educação, treinamento e capacitação, visando valorizar e estimular nossos jovens a entrarem neste segmento tão promissor e carente de profissionais devidamente capacitados.

Fonte: *Bernardo Moreira é sócio de auditoria da área de Petróleo e Gás da KPMG no Brasil.

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