Lumi Zunica / R7
Mergulhar no cotidiano dos homens e mulheres que trabalham em uma plataforma de petróleo no mar é como viver num mundo de ficção científica. Eles estão imersos em um cenário de tecnologia de ponta, dominado pela exploração submarina de petróleo e gás em plataformas oceânicas que parecem naves interligadas. São os “embarcados” da Petrobras.
Com o objetivo de conhecer a rotina desses trabalhadores, a reportagem doR7 viajou até a plataforma P-26, unidade semi-submergível de exploração de petróleo a 180 km do litoral de Macaé, no Rio de Janeiro.
Após 50 minutos de voo no helicóptero Dauphin AS365N3, chega-se a uma cidade flutuante composta por navios petroleiros e plataformas gigantes na imensidão azul que lembram cenas do filme “Waterworld – O Segredo das Águas”.
A plataforma P-26 é uma unidade de produção de petróleo de bandeira panamenha, localizada no Campo Marlim, na Bacia de Campos (RJ). Construída na Rússia em 1994 e reformada em Cádiz, na Espanha, em 1996, iniciou as atividades de exploração no litoral brasileiro em janeiro de 1998.
Atualmente produz 34 mil barris diários de petróleo, mas tem capacidade de produção de até 100 mil barris por dia e 3 milhões de metros cúbicos de gás, buscando os recursos submersos a 990 metros de profundidade.
Auto-suficiente na geração de energia, produz eletricidade para abastecer uma cidade de até dez mil habitantes. A plataforma conta ainda com um heliporto onde podem pousar aeronaves de até dez toneladas e instalações para alojar 150 pessoas.
Mas esse complexo de estrutura tecnológica e ferragens abrange também um lado humano, formado por técnicos, mergulhadores, engenheiros, cozinheiros, enfermeiras e outros tantos brasileiros. Danilo Dvorsak e Marco Antonio Rizzuti estão entre esses trabalhadores. São operadores de lastro da P-26, responsáveis pela estabilidade da plataforma, controlada através de um painel de comandos.
Eles contam que já passaram por ao menos duas situações de risco, mas que foram resolvidas em menos de dez minutos, porque controle e segurança são marcas registradas na plataforma.
Todo material embarcado, desde canetas até válvulas de grande porte, exceto alimentos, passa pela segurança. Selma Lopes e Regina Celli, encarregadas do almoxarifado, cuidam da entrada de produtos na plataforma. Elas são duas das 13 mulheres que trabalham na P-26.
Selma, casada, trabalha 14 dias e folga 21. Ela diz que seu marido não reclama da sua ausência, já que ela consegue folgas prolongadas. Entretanto, a maioria dos tripulantes da embarcação sofre com a “tensão pré-embarque”.
Avanços da tecnologia
Julio Caldeira, 32 anos como mergulhador de águas profundas e coordenador de mergulhadores da P-26, ainda se surpreende com os avanços que a tecnologia trouxe a seus comandados.
- Fui um dos pioneiros no mergulho e vi colegas terem as pernas decepadas e muitos mergulhadores morrerem, mas eram outros tempos.
Da sua cabine, controla um compressor que fornece ar aos mergulhadores. Caso o compressor falhe, um conjunto de garrafas pode fornecer ar durante 20 horas. Falhando a segunda opção, outro conjunto pode abastecer o oxigênio por seis horas. Por último, o mergulhador carrega uma garrafa com capacidade para 25 minutos, tempo suficiente para subir à superfície.
Mas e se tudo falhar? É quando entra em ação o contra-mestre de cabotagem Ronaldo Alves de Oliveira, há 34 anos na Petrobras. Ele explica que há as “baleeiras”, embarcações metálicas destinadas à evacuação da plataforma. São quatro, com capacidade total para transportar 211 passageiros, quase 50 a mais que o necessário.
Já a produção de petróleo e gás é controlada por seis homens. Eles estão encarregados de extrair o petróleo, separar a água do óleo e gás, armazená-los e exportá-los através de oleodutos para outras embarcações de transporte e de gasodutos para terra.
- Trabalhamos para que tudo funcione certo. Uma parada de segurança significa uma parada na produção, ou seja, milhões de reais perdidos – explica Renan Campos Carvalho.
Casado há cinco meses, Renan está na P-26 desde 2003 e explica que ela esta interligada com outras três plataformas-navio, a P-35, 37 e 53, para onde é enviado o óleo.
O que os tripulantes comem?
Anderson Rafael dos Santos, cozinheiro, trabalha há três anos na Bacia de Campos. Ele conta que a preferência gastronômica dos embarcados é similar ao de quem está em terra.
- Aqui o pessoal adora churrasco, feijoada e peito de frango.
Nem tudo é trabalho
Na P-26 tem uma quadra de futebol, cinema, cabines de internet e telefones públicos para ligar para as famílias. Grupos religiosos participam de cultos à tarde e às quintas e domingos são feitos churrascos ao ar livre.
Os aniversários do mês são festejados quinzenalmente e para quem gosta de esporte tem a sala de ginástica, conta Ademário Dias dos Santos, que trabalha há 29 na Petrobras, sendo 13 embarcado.
- Quem trabalha em terra vai para casa depois do trabalho. Aqui convivemos o dia todo.
Ele destaca que distância da família faz com que haja uma maior aproximação entre os tripulantes.
- Quando alguém tem um problema familiar que se torna conhecido ou acontece um acidente na plataforma, o astral é horroroso. O silêncio toma conta de tudo. Mas o mais comum é ter que resolver problemas pessoais.
Fonte: R7
Com o objetivo de conhecer a rotina desses trabalhadores, a reportagem doR7 viajou até a plataforma P-26, unidade semi-submergível de exploração de petróleo a 180 km do litoral de Macaé, no Rio de Janeiro.
A plataforma P-26 é uma unidade de produção de petróleo de bandeira panamenha, localizada no Campo Marlim, na Bacia de Campos (RJ). Construída na Rússia em 1994 e reformada em Cádiz, na Espanha, em 1996, iniciou as atividades de exploração no litoral brasileiro em janeiro de 1998.
Atualmente produz 34 mil barris diários de petróleo, mas tem capacidade de produção de até 100 mil barris por dia e 3 milhões de metros cúbicos de gás, buscando os recursos submersos a 990 metros de profundidade.
Auto-suficiente na geração de energia, produz eletricidade para abastecer uma cidade de até dez mil habitantes. A plataforma conta ainda com um heliporto onde podem pousar aeronaves de até dez toneladas e instalações para alojar 150 pessoas.
Mas esse complexo de estrutura tecnológica e ferragens abrange também um lado humano, formado por técnicos, mergulhadores, engenheiros, cozinheiros, enfermeiras e outros tantos brasileiros. Danilo Dvorsak e Marco Antonio Rizzuti estão entre esses trabalhadores. São operadores de lastro da P-26, responsáveis pela estabilidade da plataforma, controlada através de um painel de comandos.
Eles contam que já passaram por ao menos duas situações de risco, mas que foram resolvidas em menos de dez minutos, porque controle e segurança são marcas registradas na plataforma.
Selma, casada, trabalha 14 dias e folga 21. Ela diz que seu marido não reclama da sua ausência, já que ela consegue folgas prolongadas. Entretanto, a maioria dos tripulantes da embarcação sofre com a “tensão pré-embarque”.
Avanços da tecnologia
Julio Caldeira, 32 anos como mergulhador de águas profundas e coordenador de mergulhadores da P-26, ainda se surpreende com os avanços que a tecnologia trouxe a seus comandados.
- Fui um dos pioneiros no mergulho e vi colegas terem as pernas decepadas e muitos mergulhadores morrerem, mas eram outros tempos.
Da sua cabine, controla um compressor que fornece ar aos mergulhadores. Caso o compressor falhe, um conjunto de garrafas pode fornecer ar durante 20 horas. Falhando a segunda opção, outro conjunto pode abastecer o oxigênio por seis horas. Por último, o mergulhador carrega uma garrafa com capacidade para 25 minutos, tempo suficiente para subir à superfície.
Mas e se tudo falhar? É quando entra em ação o contra-mestre de cabotagem Ronaldo Alves de Oliveira, há 34 anos na Petrobras. Ele explica que há as “baleeiras”, embarcações metálicas destinadas à evacuação da plataforma. São quatro, com capacidade total para transportar 211 passageiros, quase 50 a mais que o necessário.
Já a produção de petróleo e gás é controlada por seis homens. Eles estão encarregados de extrair o petróleo, separar a água do óleo e gás, armazená-los e exportá-los através de oleodutos para outras embarcações de transporte e de gasodutos para terra.
- Trabalhamos para que tudo funcione certo. Uma parada de segurança significa uma parada na produção, ou seja, milhões de reais perdidos – explica Renan Campos Carvalho.
Casado há cinco meses, Renan está na P-26 desde 2003 e explica que ela esta interligada com outras três plataformas-navio, a P-35, 37 e 53, para onde é enviado o óleo.
O que os tripulantes comem?
Anderson Rafael dos Santos, cozinheiro, trabalha há três anos na Bacia de Campos. Ele conta que a preferência gastronômica dos embarcados é similar ao de quem está em terra.
- Aqui o pessoal adora churrasco, feijoada e peito de frango.
Nem tudo é trabalho
Na P-26 tem uma quadra de futebol, cinema, cabines de internet e telefones públicos para ligar para as famílias. Grupos religiosos participam de cultos à tarde e às quintas e domingos são feitos churrascos ao ar livre.
Os aniversários do mês são festejados quinzenalmente e para quem gosta de esporte tem a sala de ginástica, conta Ademário Dias dos Santos, que trabalha há 29 na Petrobras, sendo 13 embarcado.
- Quem trabalha em terra vai para casa depois do trabalho. Aqui convivemos o dia todo.
Ele destaca que distância da família faz com que haja uma maior aproximação entre os tripulantes.
- Quando alguém tem um problema familiar que se torna conhecido ou acontece um acidente na plataforma, o astral é horroroso. O silêncio toma conta de tudo. Mas o mais comum é ter que resolver problemas pessoais.
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