Garantir a participação das tecnologias de automação nas políticas de conteúdo local para a indústria petrolífera é um passo necessário e estratégico para o Brasil, defende o presidente da divisão brasileira da Sociedade Internacional de Automação (ISA Distrito 4), Jorge Ramos. O executivo vai levar esta visão ao quarto seminário Brasil em Perspectiva dedicado à indústria de óleo e gás, que acontece em São Paulo, na próxima terça-feira, 3.
Ramos adiantou que o setor de automação industrial ainda não participa da discussão sobre as exigências de conteúdo local, adotadas pela Agência Nacional do Petróleo (ANP), no Brasil. “A indústria e, em especial, a Petrobras, investem (em automação), mas, em termos de governo, temos de ser mais ouvidos”, cobrou o executivo. Em 2011, todo o setor (incluindo outras áreas de aplicação) faturou R$ 4,1 bilhões, no Brasil, segundo estimativas da ISA, e projeta um resultado 10% maior, este ano, puxado pelas compras da Petrobras - de acordo com Ramos, a representatividade, em valores, do setor dentro da indústria de petróleo é relativamente pequena frente à outros segmentos.
Contudo, Ramos explica que trazer a produção dos componentes eletrônicos para o Brasil não deve ser o foco, devido à falta de escala – a produção de chips, cita Ramos, é concentrada em países da Ásia que fornecem para o mundo inteiro. Segundo o executivo, no Brasil já temos a produção de equipamentos de instrumentação, mas que esbarra nos critérios de certificação exigidos pela ANP na hora de entrar na conta do conteúdo local.
“Os fabricantes têm mil ou duas mil peças diferentes (para fornecer). Quanto tempo a empresa vai levar para certificar isto tudo? Se certificar duas por semana, pode levar até 20 anos. Adequações serão necessárias, como a certificação por tipo, família, algo neste sentido”, explica Ramos. Ele também aponta que o custo de certificação é muito alto. “Existem pequenas peças (...) que custam de R$ 200 a R$ 300. Ao invés de vender a peça, vende-se o certificado com a peça anexa. A certificação é muito cara”, afirmou.
Ainda assim, Ramos é confiante. “Somos à favor do conteúdo local. Ele só precisa de aparas”, disse ao explicar que é improvável que o setor de automação torne-se totalmente nacional, mas, olhando apenas para aplicação da tecnologia, a situação é invertida. “A automação não é só equipamento, é Engenharia. E isto já é 100% nacional”, afirmou.
Por fim, Ramos explicou que, com o investimento em exploração e produção, é crucial investir no setor de automação dentro do país. “Não é só pré-sal. É pré-sal, pós-sal, refino, petroquímica. Em termos estratégicos (a automação) é uma das coisas mais importantes. Sem ela, você não tira nada lá de baixo; não controla o poço; não consegue ter uma plataforma à 300 km da costa, bombear (o reservatório) com segurança e assegurar os ativos e pessoas”.
Fonte: NN
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