Rio de Janeiro (RJ) - A inclinação sofrida pela plataforma de perfuração SS-39 no Campo de Albacora, na Bacia de Campos, a 139 quilômetros da costa de Macaé, na última terça-feira (13), não foi pequena, como informara em nota a Petrobras ontem. "Três graus não é um adernamento pequeno. Com um grau, já se pode sentir bastante a inclinação a bordo. Entre dois e três graus pode não ser uma situação crítica, mas é preocupante", disse em entrevista ao Portal Macaé Offshore o engenheiro de Segurança e Oficial de Máquinas da Marinha Mercante, Fabiano Ossola.
Na tarde da última terça-feira (13), a plataforma da Queiroz Galvão Óleo e Gás sofreu um adernamento de cerca de três graus, de acordo com os trabalhadores da SS-39, em consequência de um princípio de incêndio no paiol de tintas, que fica em uma de suas pernas. Com experiência em plataformas petrolíferas, Ossola analisou o incidente, a pedido da reportagem, a partir dos dados fornecidos pela própria Petrobras e pela Agência Nacional de Petróleo (ANP), que estão investigando as causas do ocorrido.
O engenheiro, que também é certificado como Operador de Lastro (Ballast Control Operator) e já exerceu a função a bordo de unidades, disse que as ligações que podem existir entre um incêndio e um adernamento podem ser o acúmulo de água numa das pernas, como afirmado pela ANP, ou um adernamento intencional feito pelo Operador de Lastro (caso o incêndio tenha sido combatido com água). Fora isso, de acordo com o especialista, não há qualquer ligação plausível entre o incêndio e a inclinação da plataforma.
"Princípios de incêndio são combatidos com extintores"
Ossola não vê nenhuma razão para o alagamento de uma das colunas senão pelo acúmulo da água proveniente das mangueiras de incêndio. No entanto - afirma ele - "princípios de incêndio são combatidos com extintores e não com mangueiras ou esguichos". A opinião técnica do especialista contradiz a versão oficial tanto no tocante às gravidades do adernamento e do incêndio.
Ainda segundo Ossola, no que diz respeito ao adernamento intencional da plataforma, que é prática comum nas unidades, seja por medida de segurança ou por melhor adaptação das operações de perfuração, existe uma margem média que varia entre 0,5 e 1 grau para estes casos. No entanto - lembra ele - cada plataforma possui o que se chama de "Braço de Endireitamento", que é a medida máxima que uma embarcação pode adernar.
- É claro que vai depender do Braço de Endireitamento de cada embarcação, mas, no caso de plataformas de petróleo, em muitas empresas, para que a plataforma aderne intencionalmente mais de um grau, é preciso autorização expressa ou do Operador de Lastro ou do próprio OIM (gerente da plataforma) , afirmou.
Por telefone, a assessoria da Queiroz Galvão informou à Macaé Offshore que a manutenção da unidade SS-39 foi feita em dia e que a plataforma foi declarada apta para o funcionamento dentro da conformidade com as legislações e normas de segurança.
Questionada sobre a relação entre o incêndio e o adernamento, a Petrobras não quis se pronunciar, alegando que o caso está sob investigação. De acordo com a Petrobras, arrendatária do contrato, a plataforma já voltou à posição normal, e já está sendo preparada para voltar à operação. Ainda segundo a Petrobras, na madrugada desta quarta (14), as equipes técnicas que trabalham no local já haviam restabelecido a energia da unidade, que estava ausente desde o ocorrido.
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