Somente no ano passado, o segmento realizou 29 transações, registrando a terceira maior alta dos últimos 17 anos
O ano de 2012 tem tudo para ser um dos mais promissores para a indústria de Petróleo e Gás no Brasil. Desde que as descobertas do pré-sal foram anunciadas, o setor foi tomado por uma onda de investimentos bilionários, movimentando a cadeia produtiva de negócios e impulsionando a busca por novas tecnologias. Além disso, o país foi colocado na rota de investidores globais interessados em concretizar negócios no Brasil. De olho no crescimento da indústria, que deverá atingir o seu auge nos próximos 20 anos, segue forte a euforia dos investidores com a atividade crescente nas transações de fusão e aquisição. Somente no ano passado, o segmento realizou 29 transações, registrando a terceira maior alta dos últimos 17 anos.
Esse cenário teve reflexo no número de empresas brasileiras indo às compras, registrando o maior número de negócios em 2011. Foram feitas dez transações domésticas que envolvem apenas capital brasileiro, em contrapartida com as outras seis realizadas por estrangeiras adquirindo brasileiras, seis brasileiras adquirindo estrangeiras no exterior, quatro brasileiras comprando estrangeiras no País e três estrangeiras adquirindo outras estrangeiras no Brasil.
Se de um lado, as empresas brasileiras têm vantagem sobre os concorrentes estrangeiros por deter conhecimento do mercado e possuir informações sobre o cenário brasileiro, a presença das petroleiras estrangeiras é importante no que diz respeito ao financiamento e ao uso de tecnologia. O movimento de investimentos internacionais é uma tendência que prevalecerá nos próximos anos já que a descoberta do pré-sal representa para investidores de fora uma perspectiva de longo prazo interessante.
Apesar de 2011 ter registrado um grande volume de fusões e aquisições, esse número foi inferior quase 15% ao realizado em 2010 (34 negócios). O maior número de transações no ano passado aconteceu no segundo semestre que apresentou uma recuperação se compararmos com os primeiros seis meses do ano. De julho a dezembro foram concretizadas 22 transações contra apenas sete feitas de janeiro a junho. Alguns fatores contribuíram para manter represada algumas transações no período e um deles diz respeito à espera do anúncio do leilão da ANP. Até agora, o governo não acenou para a data em que serão feitas as concessões no pré-sal e não se sabe quando ocorrerá a licitação para a camada pós-sal. Mesmo sem ainda incluir os campos de pré-sal, essa será uma grande oportunidade para as companhias poderem realizar investimentos diretos no setor.
Não podemos deixar de citar um segundo fator que é o desafio de cumprir com as regras da ANP em relação ao conteúdo local o que define parte da estratégia dos fornecedores da cadeia de suprimentos. E, por último, então, aguarda-se uma definição do governo sobre o cronograma de investimentos para o setor.
Se tudo ocorrer este ano conforme o planejado, podemos dizer que será o melhor dos mundos para a indústria de Petróleo e Gás e, principalmente, para a economia brasileira. A resolução de parte dessas indefinições vai dar uma visibilidade melhor para os investidores que se voltarão com força total para o setor que poderá superar o recorde de F&A que foi registrado dez anos atrás.
Paulo Guilherme Coimbra e Manuel Fernandes são sócios da KPMG no Brasil
Fonte: Administradores
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