Valor é quase o dobro do que foi gasto com a importação de diesel e gasolina, com preços mais caros no exterior
A queda de produção da Bacia de Campos neste ano fez a Petrobrás perder em receitas quase o dobro dos gastos com a importação de diesel e gasolina – combustíveis comprados a preços mais caros no exterior do que os vendidos no Brasil.
Cálculos do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE) mostram que a Petrobrás perdeu vendas de R$ 6,1 bilhões com a queda de produção na Bacia de Campos de janeiro a agosto. Já os gastos com a importação de gasolina e óleo diesel somaram pouco mais da metade no período, R$ 3,3 bilhões.
“A produção sustenta a receita da Petrobrás. Quando cai a produção, piora o resultado. E, além de entrar menos receita, a Petrobrás teve de importar combustíveis e vendê-los a preços defasados”, diz Adriano Pires, consultor do CBIE.
A política de preços da companhia, que não repassa imediatamente elevações nas cotações internacionais aos preços praticados internamente, é apontada como uma das principais causas da recente piora de balanços da Petrobrás, que no segundo trimestre apresentou prejuízo de US$ 1,3 bilhão.
A importação tem crescido para atender à demanda interna e há quase dois anos a alta de cotações no exterior não é acompanhada por reajustes internos na mesma proporção. A defasagem é hoje estimada em 26%.
Prejuízos. No entanto, a perda de eficiência em Campos, onde se concentram 80% da produção nacional, tem se tornado, mês a mês, mais danosa ao caixa da companhia.
Somados, os dois problemas representam um desafio para a empresa financiar seu plano de investir em média US$ 47 bilhões por ano até 2016.
Os R$ 6,1 bilhões perdidos com a produção somados aos R$ 3,3 bilhões das importações, anualizados, representam perdas de R$ 14,1 bilhões, ou US$ 7 bilhões.
Em agosto, a Petrobrás anunciou ter produzido a menos 200 mil barris por dia de petróleo na Bacia de Campos em relação a janeiro, resultado que fez a produção total de óleo da companhia (1,92 milhão de barris por dia no mês) recuar em 10% no período.
A queda de produção em Campos tem se acentuado a cada mês e, apenas em agosto, representou perdas de R$ 1,43 bilhão, segundo o CBIE, que naquele mês considerou um preço médio do barril de US$ 113,36 e taxa de câmbio a R$ 2,029. Paradas para manutenção em duas plataformas atrapalharam o resultado do mês, segundo a Petrobrás.
O pré-sal responde hoje por apenas 5% da produção da companhia. A perda de eficiência operacional na Bacia de Campos, onde muitos dos campos estão no pós-sal, reflete decisões tomadas em anos anteriores pela companhia e é reconhecida pela presidente da Petrobrás, Maria das Graças Foster.
Em julho, a Petrobrás lançou o Programa de Aumento da Eficiência Operacional da Bacia de Campos (Proef), investindo US$ 5 bilhões para recuperar o índice de eficiência, dos 71% de 2011 para 90% em 2016. Entre 2009 e 2011, a eficiência caiu 17 pontos porcentuais.
Para calcular as perdas com importações, Pires considerou que a Petrobrás importou gasolina a R$ 1,578 por litro e vendeu na refinaria a R$ 1,190, na média entre janeiro e agosto. Já o diesel foi importado a R$ 1,656/litro e vendido a R$ 1,206.
Foram importados 2,313 bilhões de litros de gasolina e 5,291 bilhões de litros de diesel. Na importação de óleo diesel, a estatal teve perda estimada de R$ 2,4 bilhões, para o período. Com a importação da gasolina, estima-se que a Petrobrás teve perdas de R$ 918,2 milhões.
Fonte: Estadão
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