Petrobras enterrou uma máquina de R$ 58 milhões para evitar atrasos no gasoduto Caraguatuba-Taubaté, previsto para março de 2011. Conhecido como Gastau, o gasoduto era uma obra incluída no PAC (Plano de Aceleração de Crescimento) para levar o gás natural extraído da bacia de Santos (campos de Mexilhão, Uruguá, Tambaú e no Pré-Sal) até Taubaté, transpondo a Serra do Mar por um túnel de 5 km de extensão com saída no município de Paraibuna.
Obcecada pelo cumprimento de metas, Graça, como gosta de ser chamada, autorizou o abandono do equipamento, um perfurador de rochas para túneis. De origem italiana, ele entrou no país em regime de comodato para atender a Schahin, responsável pela construção do túnel. A Schahin pediu pelo menos 13 aditivos contratuais que não somente encareceram a obra como provocaram um atraso "aquém do esperado", segundo a Petrobras. O túnel e seus poços permitiriam a passagem do gasoduto que estaria interligado, já no planalto, ao sistema de distribuição da Petrobras.
A estatal já tinha fechado contratos de fornecimento do combustível para as usinas termelétricas, que gerariam energia para o setor elétrico. Cálculos iniciais da equipe de Graça Foster previam que a retirada da tuneladora após o término da perfuração poderia atrasar o início do escoamento do gás em seis meses. Graça decidiu então autorizar um aditivo contratual permitindo a perfuração de 140 m de túnel, criando uma câmara onde a tuneladora de 130 m de comprimento seria abandonada. A decisão foi aprovada pela diretoria executiva da Petrobras no fim de 2010 e implementada no início de 2011.
Mas, para isso, a Petrobras teve de comprar a máquina da italiana Ghella por R$ 58 milhões. Graça pediu um desconto e o negócio saiu por R$ 51 milhões, já contando impostos e outros encargos. Resultado: hoje a tuneladora está enterrada a 540 metros acima do nível do mar, o que permitiu que o gasoduto entrasse em operação em março de 2011, dentro do cronograma previsto.
Nada de multa
A retirada da tuneladora provocaria atraso porque o túnel só tem uma entrada. Após o término da escavação, os funcionários precisariam desmontá-la e retirá-la voltando pelo túnel, uma jornada de até 40 dias. Já em junho de 2010, nove meses antes do início do escoamento da produção de gás, foi apresentada à diretoria a proposta de abandono. Em julho, a Schahin pediu o primeiro aditivo contratual com adiamento de cronograma. No total foram 13 aditivos e quase R$ 150 milhões a mais pagos à Schahin. De acordo com o contrato, a cada dia de atraso haveria um pagamento de multa diária equivalente a 0,1% do valor do contrato, cuja cifra inicial era de R$ 223 milhões. A Petrobras não cobrou as multa da Schahin.
Fonte: Folha de S. Paulo
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