Após suspender 16 das 22 encomendas de navios, presidente da companhia diz que Atlântico Sul tem condições de obter parceiro tecnológico, recuperar contratos e manter empregos em Suape. "Estamos saindo da inércia". Dois dias após anunciar a suspensão dos contratos de 16 dos 22 navios encomendados ao Estaleiro Atlântico Sul, o presidente da Transpetro, Sérgio Machado, decidiu falar à imprensa pernambucana. Ele acredita que o EAS vai conseguir um parceiro tecnológico e manter os empregos.
Jornal do Commercio - Três meses não é um tempo curto para negociar um parceiro tecnológico, sobretudo asiático? Sérgio Machado - Eu acho que não. O contrato previa um parceiro técnico. Na hora que eles tiraram a Samsung o contrato se tornou inadimplente. Só tinha parceiro até o sexto navio. Conversamos com o estaleiro e resolvemos que o melhor caminho era a suspensão. Sem parceiro tecnológico não tem navio.
JC - Se o Atlântico Sul perder a encomenda, que outro estaleiro no País teria condição de fabricar esses navios?
SM - Você acha que o EAS fez o investimento que fez, tem tecnologia, toda a estrutura e uma carteira de encomendas para perder? Acho que não.
JC - Querer perder não vai, mas se não conseguir o parceiro técnico a tempo? Como ficam os empregos?
SM - Consegue. O estaleiro tem toda a condição de resolver essa questão. Não tem menor empecilho de encontrar um parceiro técnico que venha se juntar a ele para construir navios. Eles estão conversando com três grupos, mas estão bem adiantados com a japonesa IH Heavy Industries. Os empregos serão mantidos porque não é um cancelamento, é uma suspensão.
JC - A Transpetro exigiu que o EAS tenha um cronograma confiável. Qual é o tempo para se construir um navio com competitividade? Os coreanos conseguem em 9 meses.
SM - Nosso cronograma já previa 14 meses. Agora estamos esperando que eles se manifestem, porque quem tem o maior interesse em ganhar essa produtividade é o estaleiro, para ter lucro. Meu preço do navio já está fixado. Queremos é fortalecer a indústria naval brasileira e garantir os empregos.
JC - O senhor considera preocupante o fato de o Promef só ter recebido dois navios em sete anos?
SM - Não, porque nós estamos saindo da inércia. Estamos saindo de uma indústria que estava parada há 20 anos. Temos cinco navios lançados, dois entregues, mais um que será entregue no próximo mês. Tem o EAS concluído, mais o STX/Promar que está em construção aí em Pernambuco. Uma indústria que não existia tem hoje a 4ª maior carteira de petroleiros do mundo. É um saldo positivo para quem ficou tanto tempo parado. Agora nós temos que aprender com o que aconteceu e corrigir o rumo.
JC - Qual o diferencial do Promef em relação a outros programas semelhantes desenvolvidos ao longo da história do setor?
SM - Nenhum dos programas anteriores teve essa visão voltada para a competitividade. Nos outros a preocupação era apenas construir no Brasil. No Promef criamos as pré-condições para que eles fossem competitivos. Demos uma carteira grande e exigimos que tivessem tecnologia moderna, de última geração. E tudo o que era papel da Transpetro foi cumprido, como carteira, financiamento, negociação do aço. E agora estamos cobrando dos estaleiros que também façam a parte deles.
JC - E porque essa cobrança só chegou agora, se os atrasos já eram conhecidos?
SM - Porque o navio só pode ser multado na entrega. E porque eles perderam o parceiro tecnológico agora.
JC - E o senhor permanece na Transpetro?
SM - Tô trabalhando muito para construir os navios. É fácil me encontrar todo o dia aqui até meia noite. Estou entusiasmado e acreditando no que estou fazendo.
Fonte: RBN
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